18 agosto 2010

A comemoração

Com um beijo apaixonado. Assim começou a noite daquela mulher exuberante, com cheiro de pimenta doce. O beijo de sua namorada. Ela a esperava num bar movimentado no centro da cidade, e estava tão ansiosa pelo reencontro que não percebeu os olhares de desejo e curiosidade que lhe eram lançados.

Só lhe interessava ver a amada depois de uma semana atribulada em que apenas se falaram pelo telefone. Ambas eram bem sucedidas e tinham uma rotina apertada por conta das profissões e compromissos.

Aquela noite seria a comemoração do primeiro ano que completavam juntas. Depois da chegada de sua companheira e um beijo intenso, em público mesmo, que chocou um e outro desavisado e despertou desejos nos mais libidinosos, partiram as duas para a comemoração.

A programação começaria com uma peça musical que estava em cartaz, não esses musicais adolescentes: uma história de amor, traição e reencontros. Dali, partiriam para um jantar romântico, intimista, no mesmo restaurante em que foram pouco menos de um ano atrás, quando estavam se conhecendo. Um encontro com os amigos para compartilharem a felicidade e, por fim, uma noite de amor no melhor hotel da cidade, onde o apartamento já as esperava com pétalas de rosas pelo chão e sobre a cama, champanhe, vinhos, queijos, chocolates e outros pequenos pecados culinários escolhidos com capricho... que nunca seriam degustados por elas.

Ao saírem do bar, poucos passos felizes pela calçada e um carro foi ao encontro das duas. Tão rápido tudo aconteceu, e mais rápida ainda foi a fuga. Sem placa, pistas, motivos...

E a noite terminava assim: sem comemorações.

3 comentários:

Yuri J. Sedrick disse...

Bela narrativa P.A. Envolve-nos e, como o carro, tu nos atropela.
Lindo!

P.A. disse...

Sua presença por aqui é uma honra, Sedrick! Obrigado!

Parte dessa onda narrativa que me toma é por tua causa, como digo no post acima.

Venha sempre!

Alberto Marlon disse...

Instigante. Muito bom!

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