09 abril 2007

Vida (complicada) de gente grande

Quando somos pequenos, fatalmente alguém sempre pergunta: “o que vc quer ser quando crescer?”. Inocentes, ingênuos e crédulos de que tudo é bom, falamos uma profissão qualquer que achamos bonita, em que sejamos importantes. A resposta se baseia geralmente em algum parente ou pessoa próxima, ou em alguma outra coisa que se viu em um livro, na televisão ou qualquer outra coisa, mas isso não importa.

O que vale mesmo é que ninguém nos diz a respeito das contas, dos horários, dos compromissos, das noites sem dormir por estar fazendo uma ou outra atividade, dos sentimentos sujos, atitudes sórdidas, pessoas mesquinhas. Não nos falam da filas dos bancos, das vezes em que não se almoça porque não da tempo, da correria e das preocupações do dia-a-dia, enfim.

Hoje, se pudesse voltar no tempo e responder a essa pergunta, talvez respondesse: “quando eu crescer, só quero continuar a ser criança”. Aí teria apenas algumas fúteis preocupações, que aos meus olhos infantis seriam como grandes mistérios do universo. Do tipo: “será que vou ganhar ‘aquele’ presente” ou “quando é que vão me levar ao parque de diversões ou ao zoológico” e ainda “será que minha mãe comprou os doces que pedi?” e outras preocupações do gênero.

Mas, não sei se reparou, minha resposta TALVEZ fosse a de ser uma eterno criança...

Do mesmo modo que não nos falam das coisas ruins, também não nos contam das coisas boas, e olha que são muitas.

Para bem iniciar, não te falam sobre os beijos apaixonados que podem ser trocados pelos adultos, ou as noites de SS (como diria uma amiga Chocolate). Não nos contam sobre as festas com os amigos, as mais variadas. Não nos falam sobre as loucuras maravilhosas da faculdade, nem das viagens de fim de semana ou para congressos, Não sabemos o gosto bom do vinho...

Não nos falam que não precisaremos (pelo menos na teoria) depender de ninguém, nem esperar por ninguém para ter e fazer o que queremos. Não nos falam da emoção e da responsabilidade de ver alguém crescendo, mesmo que não seja filho seu.

Enfim, não nos dizem muitas coisas. Mas de que adiantaria dizer se nada pode impedir o tempo de passar e a gente de crescer!? Para que contar, se o melhor é descobrir, experimentar?! Como contar, se o que acontece a mim pode não acontecer a você?!

No fim de tudo isso, acho mesmo que o melhor é crescer, mas sem criança deixar de ser!

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