20 julho 2007

Apaguei-me

Faz de fato algum tempo que não escrevo, não por falta de vontade, pelo contrário. Vontade, muita eu tenho. Mas me faltava ânimo, me faltava o estalo, a inspiração. Talvez por ter mergulhado minha alma num estado de dormência, num lago frio e escuro, de silêncio. Mas lá no fundo nada ela encontrou. Somente sentiu-se sozinha, com saudades dos amigos, dos risos, das músicas, dos sons, do sol, das estrelas, das mínimas coisas que passam desabercebidas. Lá, no fundo desse lago, minha alma também viu e sentiu o medo, a descrença, um corpo sem vida.

Lá ela viu a presença da morte, feia, negra, infeliz.

Minha açma, então, cansou-se disso (na verdade fugiu apavorada) e voltou a superfície. E viu o sol, que a tudo iluminava e aquecia, viu a água que caia e lavava tudo em que tocava, viu o vento que soprava e tranquilizava a vida, viu o chão, a terra que a tudo sustentava e a tudo amparava, e o fogo que queimava, mas não destruia, apenas transformava.

Ela pegou um pouco de cada coisa, dentre tantas e tantas que via. O brilho e o calor, a capacidade de levar o que é impuro, a leveza e o frescor, a firmeza e a maciez, a fúria e a serenidade para criar e transformar. Tudo isso e muito mais ela pegou e colocou em si. Se fazendo renovada e pronta para novas experiências.

Ela sabe que pode vir a ser lançada a algum submundo, mas ela está feliz. Ela reconheceu que há coisas que não podem ser mudadas, há coisas que não podem acontecer, e há muito mais a se fazer do que apenas chorar e lamentar a falta de possibilidades.

Minha alma novamente se levanta e retorna ao meu corpo, ela me devolve a vida e a luz que outrora havia perdido. Ela retorna ao seu lugar, me fazendo ver que a vida é muito breve para que a disperdicemos sempre e sempre. Quero viver cada dia como se fosse o único. Quero poder me dedicar a cada uma das minhas atividades para fazê-la da melhor maneira possível. Não para ser reconhecido por alguém, ou para ter uma promoção, o para satisfazer qq interesse.

Quero fazê-lo por mim. Para mostrar a mim mesmo que sou capaz de tudo, para poder dizer ao olhar para trás que fiz o melhor que eu pude em tudo. Não quero ter arrependimentos. Quero amar da melhor maneira, quero trabalhar da melhor maneira, quero brincar da melhor maneira, quero até mesmo brigar da melhor maneira, quero transar da melhor maneira, cozinhar o mais gostoso que eu puder, rir com a última centelha de minha alma, assim como chorar até a última lágrima que o fato merecer, quero não me arrepender pelo que não fiz. Quero poder chegar em um ponto crítico, estufar o peito e dizer: "Agora fudeu!!!!" e rir disso. Quero muito, quero tudo, quero o todo, quero querer, quero bem-querer.

E acima de tudo, desejo com tudo isso, honrar em grande dom que me foi dado por Deus, que é o dom da vida. E, mesmo que seja necessário que uns sofram para que outros aprendam, como disse-me um amigo, quero poder levar a todos a alegria de se estar vivo e de se viver. Quero também sofrer porque não?! sofrer de amor, sofrer de ansiedade, sofrer da boa saudade, sofrer com o sofrimento dos meus (que se mantenham longes os sofrimentos todos, mas se vierem, quero estar pronto para vivê-los).

Quero poder repetir tudo isso a cada manhã, para me convencer, e também àqueles que me cercam. Para poder fazer valer, para não me perder em minha cama toda a noite desejando algo novo, para não reclamar daquilo que não se deve.

P.S.: O título, agora que cheguei ao final, não parece condizer com o texto. mas não vou alterá-lo. Escrevi sem muito pensar, apenas despejando o que minha alma queria dizer. Espero que tenha dito algo de importante e não somente palavras soltas sem sentido... eh isso! Ah... e perdoem os erros... :)

2 comentários:

Poulain, Amélie disse...

Você começou com o título certo para o primeiro parágrafo. Você se apagou, mas ao longo do texto reluziu,tal qual sua alma, um brilho esplendoroso e único. Que inclusive me deixou com vontade de tirar a minha pobre alminha do lago solitário e escuro e trazê-la de volta com o mesmo tesão que você expressa no texto. Tudo isso deveria ser até uma oração, para não nos esquecermos como deve ser o nosso "cada dia".
E vamos querer sempre, e desejar ardentemente. E vamos viver tudo que há para viver. E vamos explodir esses tantos sentimentos que ficam escondidinhos com medo de aparecer.
E que bom que há dias em que falta inspiração,porque você volta com uma carga boa e nos dáo prazer de nos deleitarmos em excelentes textos.
Bjo no coração!

Unknown disse...

Não disse só palavras, se esta foi a intenção...
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