18 fevereiro 2019

Quais dores você carrega?

Há um ditado que diz que só quem sente a dor é que sabe como dói. Concordo.

Cada um tem uma experiência,uma bagagem, um modo de ver e sentir e viver a vida. Não cabe a ninguém dizer, sobre o sofrer do outro, o que é certo ou errado, que alguém está sentindo demais ou reagindo erroneamente... embora todos façamos isso todo o tempo, fato.

As dores que carrego são minhas, de mais ninguém. Só eu sei o quanto sofro por um coração partido, seja eu o ferido ou o algoz. Só eu sei o peso de minhas escolhas e o peso de não tê-las feito. Só eu sei o que me custa os sonhos postergados, os projetos adiados, os desejos reprimidos e o que me custa ir atrás e realizá-los.

Como diz a música, “só eu sei as esquinas por que passei, só eu sei”.

Aí, podem me perguntar “e por que está sofrendo agora?”, “Qual o motivo desse texto?”

Sem muito pensar [até porque não estou nesta vida para buscar motivos para chorar], respondo que não sofro. Não há mágoas em meu meu ser, não há arrependimentos, não há dores. Há saudades, há vontades, há esperança, há aquilo que não faria novamente, mas não há dor.

E não tenho vergonha disso. Da mesma maneira que me é permitido sofrer, me permito não fazê-lo. Poderia me queixar de um amor perdido, de uma traição, de um caso do passado, de uma plano frustrado, de um desejo não realizado, de um sonho roubado, da grama do vizinho, da chuva que molha, do sol que brilha. Poderia tecer ladainhas sobre qualquer coisa, lamuriar sobre qualquer copo de leite derramado, ainda que já estivesse azedo.

Mas não, hoje me recuso a dar valor às dores: prefiro alegrias, a beleza de um olhar, de um sorriso, da chuva que me faz atolar na lama, do sol a aquecer os dias e do calor a me tirar o sono nas noites, das pessoas que sairão da minha vida, mas se estão saindo é porque entraram e, no mínimo, me ensinaram alguma coisa, é o que se espera. Prefiro a beleza de viver e deixar viver.

Assim, respondendo à questão que dá título a esse meu devaneio, digo que carrego muitas dores, sei de quase todas,até porque existem as dores que ainda não se nomearam, contudo não as trago como estandarte… levo-as comigo como quem carrega um papel de bala, esperando o próximo lixo para se livrar dele…

“e por que não se livra logo desse lixo, então?” É feio jogar o lixo no chão, ou ao vento… além de que suas dores são suas e não devem ser jogadas no caminho de ninguém.

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